29 de abril de 2009

O precipício da arte e do existir





Eu faço poesia como quem corta os pulsos e se esvai em praça pública. No final, é tudo uma grande encenação. É dessa forma que escrevo o que penso, o que sinto e o que me permito viver quando me lanço no sentir imagético que só a arte escrita possibilita de forma tão intensa, provocadora e reflexiva ao mesmo ao procriar a palavra.
É desse modo que encaro a poesia ou o veio poético:como uma necessidade de me revelar ao mundo por meus olhos e meu sentir. Jorro sangue porque é dele que se esvai o que me alimenta dia-a-dia. Me corto porque a dor é a comprovação da ulterior alegria e da existência em si, por isso mesmo, me lanço neste abismo desesperador após passar por trilhas repletas de perigos por usar a palavra, inquieta e sábia, mas também rebelde e auto-suciente.

Faço, penso, leio, vivo a poesia apenas como um ato suicida diário de conviver com várias mortes dentro de mim porque no final é tudo uma grande encenação.

Espelho do desejo

Quero de ti um silêncio,
um pensamento pecador
Quero de ti a epiderme em brasa
e a luz que explode nos olhos
se afoga na calmaria da saliva doce
enfim, um tiro certeiro na noite sem fim

28/04/2009 20h39
Wagner Lima

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