3 de abril de 2017

naufrágio



minha
língua
míngua
e surfa
em tua
(louca)
boca
de cara
pru tsunami
e eu
pelo avesso
em tua
saliva
vida de náufrago!

3/04/2017
Às 1:33, BR-232 - Caruaru

31 de março de 2017

Arames

teus
pelos,
arames
que
definem:
limites,
horizontes,
subversões
...
de meus
desejos


João Pessoa, 31/03/2017
Às 20:21

15 de agosto de 2016

Solidão em três atos



nesse céu de azul desbotado
a solidão rumina
em meus segredos
desejos dos mais íntimos
inconfessáveis
incontroláveis
aqui por dentro, de onde
meus olhos  atracaram
hipnotizados no horizonte

...e as vagas luzes
que pulsam 
como que dissesse:
tô perto de tão longe
e só não volto
pq meu destino
é ter
de te dar 
solidão


se, e apenas se, esse cais
puder abrigar em ti
meu barco perdido
para que atraques
mais por incidente
do que por pura convicção
porque ainda é melhor 
a dúvida ao se chegar
do que a certeza do partir

BR-232 Pernambuco 23:53 de 14 de agosto

crédito da foto: http://br.freepik.com/fotos-gratis/olhando-o-mar_628324.htm

10 de agosto de 2016

contra o mundo



poesia
essa pólvora
que abastece
meus canhões
atirando
contra o mundo
da língua
negada
dos desejos
su (o) primidos
de nossos
mais temidos
vulcões


15:09 Serra Talhada
10/08/2016


Foto: http://www.grupoescolar.com/pesquisa/vulcoes.html

2 de agosto de 2016

labirinto



das coisas 
mais triviais da vida
Decorar teu corpo
É como se perder 
num labirinto
traço a traço
paredes sem saída

saída de ti
em mim

saída
a coisa mais banal
por impor
diante de portas 
e paredes 
distância de ti


2/08/2016 as 17h40 Serra Talhada/PE

30 de julho de 2016

Paiol


num guento
com tua ausência descarada
e nós nesse paiol
com mãos desatadas
e pés perdidos


29/08/2016   às 15h

29 de julho de 2016

teus azuis




nas dobras dos lençóis
ondas que abrigam teu corpo
exausto e tão belo
procuro por teus olhos
avessos às palavras
e de tão dormentes
de azul reluzente
me levas para corais
ondas em mar aberto
e assim me convença
nessas águas mornas
de um azul sem igual
que seja por livre arbítrio
náufrago (de) em ti
 
28/07/2016 as 21:50



fonte da foto:   Cyrille Corlays (que assina como näutil) 

12 de julho de 2016

Lado perverso


Ando pela cidade
À procura de um vestígio
De um rastro da saudade
Que fincaste em mim

Olho vitrines
À procura de teu corpo branco
Nada esguio
Repleto de sardas, pintas, dobras de mim

Ouço no mais distante som
Um ensaio de tua voz
Dizeste meu nome
Como quem tatua na boca essa saudade

Ando, olho, ouço
A busca dos vestígios que te acendem
Acendem em mim
Meu lado mais perverso
De ansiar por ti

Recife, 11/07/2016 as 1:37

Outras sinfonias

Bonito
na madrugada é
Ouvir
Sinfonia
Dos nao-ditos
Diurnos.

Recife, 1:41 de 11 de julho de 2016.

Crédito da foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQa2W7-lAfewLYu7Thv783PPnfS0aP2hdvVuap2Gg48k0yVGjzVCgzk6S2debl3sPTN8Cf_9eqnN_eaiZ3yKYseIAGtuyB7l_kESX8GKoMwllja7lALvOOsHroRvGggqPkxsBh/s1600/madrugada.jpg

Subversão do tempo

Corpos! Nossos corpos se encontram como o mar instável encontra a areia
As janelas me falam de ti
Me falam com esse verde camuflado de teus olhos
Teus pelos em meus dentes
Teu riso em minha boca
Teus arrepios sobre meus poros
Nas imersas horas que nos reconhecemos

Tua língua entre meus dentes
Teus pelos em minha pele
Teu suor em meus lábios
Nos intensos minutos que fazemos do tempo etéreo

Teu sexo, meu sexo
Teu riso, meu gozo
Teu gozo, meu riso
Nos segundos que fazemos minutos das horas

Nessas horas em que...
a gente se vê e se reconhece no olho a olho
a gente não resiste, revive e repete, sem sequer repetir o antes
a gente insiste nessa entrega dos segundos transformados em minutos delirantes e horas que parecem não vingar

E nao passam até o próximo instante

Recife, 2:33 de 11 de julho de 2016

19 de maio de 2015

uma das antigas retiradas dos rascunhos



contra-indicação

de ti quero um beijo
do tipo desentupidor de pia 
e não venha me censurar
se acaso meu pau se levantar 
e te fizer volume entre as pernas
afinal como todo bom remédio sempre existem os efeitos colaterais.

Wagner Lima

17 de maio de 2015

aguando a terra



Só vou te dizer
que toda noite
quando a lua sai
ponho meus olhos
a aguar a terra
enquanto tua ausência
é a presença dolorosa
da distância,
desse silêncio
de como te sinto
dia a dia
se é nostalgia?
talvez
existirá nostalgia se não houver desejo?
existirá desejo se não existir encantamento?
talvez sim
talvez não
certeza?
só que a lua nos apadrinhou
em uma das noites
Lá no seu reinado

Wagner Lima
17/05/2015 as 16:20

16 de outubro de 2014

Feitiço



voltei pra te dizer que 

essa taquicardia 

essa tremedeira nas pernas 

esse facho de luz nos zói 

instantaneamente 

é culpa sua

 

 voltei 

e não saio

sem julgamento, 

veredito 

punição 

saí do quadro clínico 

pro banco dos réus 

 

Voltei porque toda chegada 

é partida 

pro novo acaso 

 

 

12/08/2014 às 10h37

12 de agosto de 2014

Por trás das persianas

E todo branco
às vezes cinza,
às vezes preto
brinca de reluzir
nossas persianas
põe som no breu
descolore o ar-dor
deixa de ser encardido
e nós desbotados.

10/08/2014 às 21h

11 de agosto de 2014

Sobras

                                            Foto: Pedaços, Mô Figueiredo

A solidão rumina
noite adentro 
à caça de restos,
de farelos
que sobraram
ao te ver partires
em dois
dentro de mim.

10/08/2014  as 20h45

18 de fevereiro de 2014

Zizi Possi para o povo







Show
Edição de quinta-feira, 19 de maio de 2011 

Cantora apresenta show Cantos e Contos, em que revisita o repertório e apresenta canções inéditas em sua voz 

Sem soar datado ou ancorado no passado, a receita é simples: canções que batem direto no coração e imaginário do público, mas que antes de tudo representam uma trajetória de conquistas e expressão musical; e músicas inéditas na interpretação precisa e musical da cantora Zizi Possi. Essa é a receita do show Cantos e Contos 1 e 2, que após temporada em São Paulo, originou o DVD com o mesmo nome e que chega a João Pessoa no dia 27 de maio em mais uma edição do projeto Som das Seis, dessa vez realizado na Praça do Povo da Fundação Cultural José Lins do Rêgo (Funesc), às 21h. A informação foi confirmada pela Fidelio Produções que gerencia a agenda da cantora. 


Show integra o projeto Som das Seis. 
Cantos e Contos é um registro refinado, afetivo e magristral de Zizi Possi e o primeiro de caráter revisionista, embora a cantora tenha regravado canções lançadas no início da carreira. Com a concepção e direção musical da própria Zizi Possi e direção dos shows de cenografia de José Possi Neto, Cantos e Contos é o registro de celebração com parceiros e de aproximação com novos artistas. O show é uma síntese do roteiro das 12 apresentações realizadas em 2008 em que ela, no palco do Tom Jazz, em São Paulo, recebeu Alceu Valença, Alcione, Edu Lobo, Ana Carolina, Eduardo Dusek, Ivan Lins, Roberto Menescal, Luiza Possi e Toninho Ferragutti. 

O repertório do show Cantos e Contos confirma a versatilidade de Zizi ao interpretar um lamento urbano como “Na Primeira Manhã”, de Alceu, ao lado das canções de Tom Jobim “Desafinado”, em parceria com Newton Mendonça, e “Retrato Branco e Preto”, com Chico Buarque; “Sabiá”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas; “João e Maria”, de Sivuca e Chico Buarque; “Nega do Cabelo Duro”, de Rubens Soares e David Nasser. No repertório estão algumas canções que se tornaram conhecidas na voz de Zizi como “Eu Velejava em Você”, de Eduardo Dusek; “Luiza”, Tom Jobim; e “Caminhos de Sol”, de Herman Torres e Salgado Maranhão. 

Na trajetória de 30 anos, o destino de Zizi Possi cruzou com alguns paraibanos, O mestre Sivuca tocou acordeom no disco de estreia de Zizi Flor do Mal, em 1978. Do repertório de Herbert Viana Zizi gravou “Meu Erro” (Estrebucha Baby, 1989), “Um Beijo Meu” (Mais Simples, 1996), “Eu Te Amo” (Puro Prazer, 1999) e “Eu Só Sei Amar Assim” (Bossa, 2001). Com a projeção de Chico César ela gravou do catolaico “Beradêro” (Mais Simples, 1996) e “Disparada” de Geraldo Vandré (Puro Prazer, 1999). Do atual maestro da Orquestra Sinfônica João Linhares veio a gravação da canção “Qualquer Hora” (Bossa, 2001). 

Cantos e Contos é o primeiro registro depois do CD/DVD Para Inglês Ver…e Ouvir, lançado em 2005. O show/DVD é a reafirmação do que pensa sobre a música: a forma que encontrou para se comunicar com o mundo e que essa manifestação não precisa ser tomada de “barulho” e euforia. Pode estar na riqueza e magia de notas musicais associadas a uma cantora que desde criança convive com o piano, compõe e reflete sobre a arte e a sua própria arte de encantar. 

http://www.jornalonorte.com.br/2011/05/19/show7_0.php

7 de janeiro de 2014

Pré-encher


esvazias a alma
e do que sobrar
preenches com amor
e no que faltar
espera o clamor
dos olhos a fumegar
e se insuficiente ainda for
rogue por teus sonhos
os únicos em postos de observação
prestes a te salvar

Wagner Lima às 20h de 07/01/2014


Oração


Se ajustas a meu peito
e descerras tua fé
à minha geografia
como escapulário que és
por entre meus pelos
abriga-te 
para desnudar-me
de minhas certezas
e te receber como testemunha
de minhas reais fraquezas

Wagner Lima
07/01/2014 às 19h20

Descompasso das horas


eu ainda tenho 
uma manhã
uma tarde inteira
uma noite incerta
até você, talvez, se achegar
à margem dos meus olhos
e sem pudor em se fazer sonhos
em meus pecados
torne o tempo 
um mero marcador das horas
inadequado

Wagner Lima
07/01/2014   19h56

10 de outubro de 2013

Aprendiz





esse ritmo
de tua língua
que me atenta
fazendo cambalhotas
em meu céu
no meu mar
na costura
de novas melodias
é o único ritmo
que não sei, de fato, dançar

Wagner Lima

10/10/2013 às 21h30

12 de maio de 2013

Primazia


subo no prédio
em busco de um vento
que traga teu cheiro
ausente
desde ontem
ausente
desde que
não te vi
não te toquei
não te senti

subo no alto da memória
a lembrar
e lembrar é te trazer a mim
até que amanhã
ou depois de amanhã
teu cheiro volte
e volte a me despertar
o descanso
de devorador primaz
de tua maior expressão


Wagner Lima

12/05/2013 às 12h34

11 de maio de 2013

Outros sentidos



é o sal
de tua pele
que me tempera
os lábios 

o palato
os sentidos, outros.
 

é o doce
de tua saliva
que me vicia
ao gosto
posto por entre
as fendas
que nos interseccionam

és o doce
és o sal
és o tempero
que me obrigo

a usar
por capricho
dos meus sentidos, outros.

outros!
outrora, outros...


Wagner Lima

Escrita à beira mar do Cabo Branco às 16h10 do dia 11/05/2013

6 de maio de 2013

à tua boca


saudade
é o vento
que vagueia
rumo à gruta
à tua boca
reserva de água cristalina


saudade
é a ausência
de teu ombro
esquentando
o meu frio
vazio em tuas falas

saudade
é a presença
de tua ausência
sem a gruta
a tua boca ressoando
o meu nome

saudade é o espelho reverso da presença


e se, deveras
fazes falta
é porque presenças
te somam a mim
me multiplicam a ti
e nos subtraem o partir


Wagner Lima 
Iniciada às 7h do dia 06/05/2013 e concluída às 22h20 do da 6/05/2013.


Sobre a foto: a-gruta-ao-lado-da-cachoeira-de-misol-ha,-proxima-a-palenque,-em-chiapas,-no-sul-do-mexico-nikon

Link: http://migre.me/er0w3

19 de abril de 2013

verdes



verdejantes
teus olhos
são faixa de mar
algas
oxigenando
a paisagem

verdejantes
teus olhos
são o broto do sonhar
esperança
que irradia
a vida a pulsar

verdejantes
teus olhos
são faixa de mar
borda de rio
tapete de relva
a vida latejando
em cada piscar

Wagner Lima
Escrita às 10h34 do dia 19/04/2013

30 de março de 2013

Memória etérea




Rasgo uma a uma
as cartas envelhecidas
que se acumulam nas gavetas
agarradas às dobraduras
do tempo e dos livros
e que se perderam no fio da memória


Em cada folha
o sepultamento do aroma
um vestígio... do que não houve
o amor consumado
a escrita etérea
modelada a mercê do som mudo da boca
e dos encontros neurolinguísticos


Nas linhas
o que se ousou chamar amor
o que se acostumou desenhar desejos
o que se fantasiou ser sonho do sonho
Nas linhas, metáforas do próprio ego
de amores efêmeros, imagéticos e idealizados

Rasgo uma uma
porque a vida
não é registro

nem tampouco arquivo morto
a vida é...
cenário e ação
e isso só se consuma estando em cena


Wagner Lima

30/03/2013  às 21h20

19 de janeiro de 2013

Flâmula da conquista



Ânsia
na ponta dos dedos
em chegar as tuas linhas
da palma da mão
e fazer trajeto
pela via esquerda
até fincar a flâmula
que traz meus olhos
na margem de teu coração

Wagner Hardman Lima escrita às 12h23 do dia 19/01/2013

Corpo desnudo



Quero teu corpo nu
Pelos à mostra
Mas não quero por isso
Quero teu corpo nu
pra que te dispas das vaidades
que exponha teus olhos
tuas contradições em pele e pelo
tuas ondulações
tuas protuberâncias

Quero tua alma desnuda
sem vestes
e que lance os acessórios ao longe
ao chão, espelho de tuas vergonhas
com as cores desmascaradas
pelo teu olhar
pela textura de tua pele
ora radiante, ora vis
ora aviltante

Isso de querer,
é pura provocação!
desnudo teu corpo
com a língua do olhar
e transponho essa vergonha inquieta
de não saber que és raio e para-raio
nas tardes de chuva
no limbo, a nudez devasta

Wagner Lima às 11h59 do dia 19/01/2013

13 de janeiro de 2013

Puramente ofegante

As pernas entreabertas e o movimento intenso do subir e descer. Ofegante, quase desistia mas diante de si a mão o apertava rijo. O suor molhava o rosto. As mãos já cansavam, o fôlego cada vez mais ofegante e a vontade de fechar as pernas e desistir.
Mas pensou no prazer de comer uma pamonha e resistiu, segurando firme o milho diante da ralador entre as pernas.

#microconto.  Wagner Lima   10/01/2012

A dureza do prazer



No céu da boa, a saliva escorria descendo como pedra que cai no abismo. Encontrou apoio na língua macia que, sem permissão, o convencia de suas fraquezas. Em segundos, as gotas se transformaram em pedras. Duras e pesadas, reavivaram o prazer do que é degustar uma rapadura, que é doce mas não é mole.

#microconto

13/01/2012

11 de janeiro de 2013

Borboletas no sex shopp




A dor, cada vez mais insistente, tirava o sono, a paciência e o raciocínio. Tremia, os lábios ressequiam, as mãos suavam e via a hora tombar frente a toda aquela gente que o observava impacientemente. Ao primeiro sinal, foi até o balcão e pediu o conjunto de acessórios eróticos. Saiu do sex shopp aliviado, afinal, as lagartas haviam se transformado em borboletas em seu estômago e estavam prestes a pousar nas flores.

#miniconto


Wagner Lima às 9h37 dodia 11/01/2013

Encaixes





Eram duas engrenagens acopladas, rangendo o ruído dos amantes reais até o encaixe exato, provocando o silêncio ensurdecedor das arestas aparadas por dentro.

#miniconto


Wagner Lima

20h53 do dia 10/01/2012

Susto das palavras




Ele pegou na mão dela e fez declarações de amor. Não era encantamento. Era um treino de suas habilidades com as palavras. Ela agora vende esperanças, verdes, voadoras pra tentar se recompor do susto com as palavras.

#miniconto


Wagner Lima, escrito no dia 10/01 às 20h50

6 de janeiro de 2013

Ego das paixões






E de repente
veio aquela sensação
que a gente só dá certo
se
for
pelo
avesso


E não mais que de reprente
veio uma nova sensação
que a gente briga
pra
poder
se
juntar


E sem rompante
nem repente
nossas diferenças
são fruto de nossa semelhança
e tudo se torna briga
de uma paixão que reluta
em não vingar
pra
que
os
mortos
saiam
vivos

Por Wagner Lima
às 11h30 do dia 06/01/2012

29 de dezembro de 2012

Os bastidores



O melhor da lua cheia...
são os bastidores
as frestas que escapam
entre os tórridos beijos
o silêncio quebrantado
pelos gemidos insones
as costas desenhadas na areia
teu riso fácil na alta madrugada


o melhor da lua cheia...
são os rascunhos
que fazemos da felicidade
instantes prolongados
de beijos intensos
de risadas eternas
redesenhando as marés
com seus passos trôpegos


O melhor da lua cheia...
são o cair da noite
o cair dos lábios
o cair das vestes
o cair das vergonhas
o cair das arestas
o cair dos olhares
o subir do calor da paixão


Por Wagner Lima. 

 iniciada em 28/12/2012 às 21h25 e concluída dia 29/12/2012 às 11h25




crédito da foto: http://www.flickr.com/photos/betinho_had/6545535967/sizes/s/

iniciada em 28/12/2012 às 21h25 e concluída dia 29/12/2012 às 11h25

15 de dezembro de 2012

Madrugadas de nós (Eu vou te acompanhar)



Madrugadas de nós (Eu vou te acompanhar)


Eu vou te acompanhar

nesse caminhar frente ao medo
de remexer no baú
de arrancar as folhas amarelecidas
de exterminar as traças
de dar aconchego às novas folhas
as que te escrevo
com versos que tu fizeste em mim

Eu vou te acompanhar
quando as tuas mãos suadas
forem ao rosto
quando os olhos ardentes
se inflamarem de sono
e a voz embargar
pronunciando meu nome com carinho 

como quem pede proteção

Eu vou te acompanhar
quando o sono chegar
e você se lançar em meio aos lençóis

se inquietar
ocupando meu espaço na cama
quando seu carinho na madrugada
se traduzir nos braços teus em cima dos meus

Eu vou te acompanhar
mesmo que essas letras não traduzam
a beleza dos nossos sonhos de olhos abertos
mesmo que a magia do teu olhar
se revele doce e feroz
mesmo que o fascínio de te colocar pra dormir
surja diante do corpo vencido pelo cansaço

Eu vou te acompanhar
quando o sono me levar a fechar os olhos
quando em sonhos a gente se encontrar
quando em mais uma madrugada
a gente se fizer cúmplices dos risos pueris
quando tudo não puder ser explicado
e a gente for a própria explicação

Por Wagner Lima, às 20h40 do dia 15/12/2012





Obs.: "Eu vou te acompanhar" é o verso extraído da canção "Tempo de Pipa", de Cícero, de quem não sou fã. Apenas recebi de um amigo a indicação para ver o vídeo e resultou em tudo isso.


http://www.youtube.com/watch?v=FX9s_RfEzJE

13 de dezembro de 2012

Entre as ondas



Mãos ao mar
lanço meus sonhos
para que possam
aprender
a sobreviver
às torrenciais marés
às calmarias
das noites no breu
sem o luar

Mãos ao mar
lanço meus sonhos
para que resistam
a força das águas
a impaciência do tempo
aos silêncios
e sons dos mares 
aos predadores
quase sempre vorazes

Mãos ao mar
lanço meus sonhos
frente ao sol castigante
e cansando, me desfaço
gota a gota
transbordo em oceanos
até me espraiar 
diante dos olhos rasos d'água
a espera do sonho fortalecido



Por Wagner Lima 13/12/2012 às 18h

Duas vontades




Duas vontades
se tornam uma
quando os olhares
se integram 
em segundos
na mesma direção

Duas vontades 
se tornam duas
quando uma
olha para si
e a outra: para os dois
na mesma dimensão

E isso de dimensão
não é o amor que mede
o amor é vítima de si
de seus medos e costumes
porque o que salva
até os mais descrentes...

é a vontade de olhar diferente


Por Wagner Lima, no dia 13/12/2012 às 13h51

11 de dezembro de 2012

Degelos





teu beijo
revela em mim
a fome
instada a não cessar
porque é...
no vai e vem das salivas
que sacio essa necessidade
iniciante, a mesma, diária
desde o instante em que
teus lábios degelaram os meus

teu beijo
revela em mim
o florescer
de versos
em meio às rochas
o renascer de pétalas
em meio aos espinhos
o estender das raízes
frente à aridez do solo

do bem me quer
 
teu beijo
muda a geografia
resignifica a paisagem
domestica a si e aos meus lábios
porque o beijo
que mata a fome
é o mesmo beijo que vicia
na gangorra
de descobrir 'de novo' 

o prazer

o teu beijo?
espinho...
que me corta por fora
e me renasce por dentro


por Wagner Lima, às 23h36 do dia 12/12/2012

10 de dezembro de 2012

Segredos




Segredos
são palavras
que querem
se jogar
à vida

palavras
são segredos
que querem
à vida
no jogo


o jogo da vida
é você,
meu segredo
revelado
na vida redesenhada

22h48 do dia 11/12/2012




 _____________________________________________________



4 palavras

saudade 
é o açoite 
que os sentidos
dão ao querer

saudade 
são os sentidos
do querer
em dado açoite

saudade 
é o querer
se transformando
em cada açoite sentido

saudade é...
o acoite
o querer
o sentido do sentir

por Wagner Lima, escrita às 10h do dia 10/12/2012

8 de dezembro de 2012

Tuas nomenclaturas

teu cheiro
é meu vício
diário
incensário
necessário a mim,
peregrino
de tuas dobras
de tuas formas
de tuas ancas
umidecendo meus poros

teu cheiro
é meu vício
e não há reabilitação
necessária
até sã
quiçá
desse vício sem
tuas partituras
tuas escrituras
tuas nomenclaturas

teu cheiro
é esse perfume
que exala
quando o mundo silencia
diante do degelo
noturno
enluarado
por teus beijos
em meus extremos
lábio a lábio,
orientais

Por Wagner Lima  8/12/2012  às 20h12

In órbita




eu sei
que você percebe
eu sei
que você entende
eu sei
que você vê
esse binóculo
aproximando teu desejo
de meu encanto

você sabe
que eu percebo
você sabe
que eu entendo
você sabe
que eu vejo
esse telescópio
aproximando tua órbita
de meus desejos solares

sem saber
aprendemos
os movimentos
de translação
dos astros
que nos compõem
nesse trajetória
no enterno
de nossa própria gravitAção


Por Wagner Lima em 8/12/2012  as 19h02

5 de dezembro de 2012

Assimetrias



vejo 
dia
raiando
em 
teus 
olhos
e
mar
batendo
em 
meu peito

vejo
 a
noite
chegando

a
lua
gravitando
nosso 
querer

se 
espraias
em
mim
e
te
amorno
o
     coração     


noite
nos
encontramos
na 
assimétrica
perfeição 
dos
corpos


vejo

madrugada
raindo
a
vida
em 
teus 
olhos
em 
meus 
risos

é 

vida
parindo

própria
     vida     

Wagner Lima

05/12/2012  às 12h15