28 de janeiro de 2011

A arte do reconhecimento

Mãos, extensões da gente até o outro. Mãos que afagam e acarinham a pele. Mãos que se unem aos olhares que são, na realidade, pontes entre o desejo e a real possibilidade de concretizá-los. Mãos que são capazes de apontar a diferença da tez ou do tamanho dos cílios. Mãos que se desenrolam em carinhos pelo corpo num balé desenvolvido pela melodia de beijos doces, quentes, molhados, carinhosos, ágeis e ternos. Somos em essência a vontade que guia nosso corpo e o satisfaz motivado por algo maior que talvez nem sempre mereça ser definido e sim vivido. Por isso, as mãos aproximam aquilo que o olhar conquista, fascina, texturiza como belo, querido e tomado para si.
E do olhar se pode esperar tudo ou nada. É ele que detém o código secreto que une as pontes e abre caminho para o cofre secreto que todos temos e só compartilhamos com quem ultrapassa a fase do 'vencer a ponte' porque quando dois olhos miram na íris no exato momento das três marias é o sinal de que mãos servem para algo além do que apontá-las e sim trazé-las para o centro de nós. E disso eu nunca canso, desisto ou desanimo. Ultrapasso as pontes como quem desbrava uma mata virgem em busca da visão do mar. E assim mergulho em seus azuis, de vários tons e intensidades porque essa arte é apenas para quem se acha e encontra, a arte do reconhecimento.

Um comentário:

Fernanda disse...

Maravilhoso mesmo...bjs