30 de março de 2013

Memória etérea




Rasgo uma a uma
as cartas envelhecidas
que se acumulam nas gavetas
agarradas às dobraduras
do tempo e dos livros
e que se perderam no fio da memória


Em cada folha
o sepultamento do aroma
um vestígio... do que não houve
o amor consumado
a escrita etérea
modelada a mercê do som mudo da boca
e dos encontros neurolinguísticos


Nas linhas
o que se ousou chamar amor
o que se acostumou desenhar desejos
o que se fantasiou ser sonho do sonho
Nas linhas, metáforas do próprio ego
de amores efêmeros, imagéticos e idealizados

Rasgo uma uma
porque a vida
não é registro

nem tampouco arquivo morto
a vida é...
cenário e ação
e isso só se consuma estando em cena


Wagner Lima

30/03/2013  às 21h20

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