6 de setembro de 2007

Projeto Seis e Meia: quando a música envelhece

Há uma grande fissura entre a mídia radiofônica e a produção musical do país. Não há mais diálogo. Fica como únicas alternativas os projetos culturais em boa parte governamentais em levar música em seu sentido mais abrangente que instigue o pensamento, divirta e emocione as pessoas e não apenas como entretenimento como acontece com as emissoras de rádio.
O projeto Seis e Meia sempre teve junto com o projeto Pixinguinha o objetivo de ser formador de platéias e popularizar a música brasileira que não entra no circuito comercial com as grandes estratégias de marketing. E é aí que eu me pergunto qual a contribuição de Wanderléa, Renato e Seus Blue Claps, Golden Boys, Luiz Caldas e tantos outros tem sido o foco do projeto? No máximo o que se consegue é garantir público consumidor. Boa parte formada por classe média consumista que sente saudades do iê-iê-iê.
Tradicionalmente o Seis e Meia alternava uma programação entre o contemporâneo e a tradição, entre Moska e Quarte em Cy, entre Lenine e Boca Livre, entre Nando Reis e Joanna, entre Cordel do Fogo Encantando e Renato Teixeira.
O simples falto de acontecer dentro de um shopping já afasta pela localização a grande massa, sem contar nos valores da água, da bebida e lanches do bar, muito acima da média do que se paga na cidade. Essa proposta é contraditória com a política cultural que a Prefeitura de João Pessoa vem fazendo ao descentralizar o Estação Nordeste para os bairros, promover a valorização dos nossos artistas e criar formas de apoio institucional para criar futuras gerações que valorizam sua arte e cultura.
Junto a essa modificação de olhar para um projeto cultural com a importância que o Seis e Meia tem, sentimos o vácuo deixado pelo projeto Pixinguinha que não aportou mais por cá. Lembro de uma noite incrível com Rogéria Holtz, Mart'nália e Celso Fonseca, três estilos diferentes que representam bem o país em que moram.

Essa preocupação aconteceu justamente em minha ida a Recife ver uma palestra de Roberto DaMatta e me deparei com um show gratuito na concha acústica do Teatro da UFPE de Moska e Ney Lopes, um dos mais representativos nomes do samba brasileiro. Deu uma saudade danada do Brasil, de me ver representado no palco através das músicas que falam do meu povo e para o meu povo.

p.s.: O iê-iê-ê é algo esgotado que só sobrevive das memórias de quem tem saudades de um dia ter sido jovem e, de repente, envelheceu!

4 comentários:

Dira disse...

e por que não me levou?
saudade de tu, mané...
tá me castigando?

Dira disse...

te amo.

Rômulo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rômulo disse...

Essa critica, meu caro Wagner, não é só sua. A tempos levo comigo - inclusive, quando vou ao Mag Shopping - a inquitação contraditória da atual "matodologia" do projeto Seis e Meia...

... Com tantos outros espaços interessantes para sua realização e, sobretudo, o avanço nas relações extra-governamentais, fica dificil entender como ou porque um projeto dessa dimensão tem - em alguns momento - se tornado um mero espaço acalentante para os saudosistas do iê iê iê de plantão...