Há uma grande fissura entre a mídia radiofônica e a produção musical do país. Não há mais diálogo. Fica como únicas alternativas os projetos culturais em boa parte governamentais em levar música em seu sentido mais abrangente que instigue o pensamento, divirta e emocione as pessoas e não apenas como entretenimento como acontece com as emissoras de rádio.
O projeto Seis e Meia sempre teve junto com o projeto Pixinguinha o objetivo de ser formador de platéias e popularizar a música brasileira que não entra no circuito comercial com as grandes estratégias de marketing. E é aí que eu me pergunto qual a contribuição de Wanderléa, Renato e Seus Blue Claps, Golden Boys, Luiz Caldas e tantos outros tem sido o foco do projeto? No máximo o que se consegue é garantir público consumidor. Boa parte formada por classe média consumista que sente saudades do iê-iê-iê.
Tradicionalmente o Seis e Meia alternava uma programação entre o contemporâneo e a tradição, entre Moska e Quarte em Cy, entre Lenine e Boca Livre, entre Nando Reis e Joanna, entre Cordel do Fogo Encantando e Renato Teixeira.
O simples falto de acontecer dentro de um shopping já afasta pela localização a grande massa, sem contar nos valores da água, da bebida e lanches do bar, muito acima da média do que se paga na cidade. Essa proposta é contraditória com a política cultural que a Prefeitura de João Pessoa vem fazendo ao descentralizar o Estação Nordeste para os bairros, promover a valorização dos nossos artistas e criar formas de apoio institucional para criar futuras gerações que valorizam sua arte e cultura.
Junto a essa modificação de olhar para um projeto cultural com a importância que o Seis e Meia tem, sentimos o vácuo deixado pelo projeto Pixinguinha que não aportou mais por cá. Lembro de uma noite incrível com Rogéria Holtz, Mart'nália e Celso Fonseca, três estilos diferentes que representam bem o país em que moram.
Essa preocupação aconteceu justamente em minha ida a Recife ver uma palestra de Roberto DaMatta e me deparei com um show gratuito na concha acústica do Teatro da UFPE de Moska e Ney Lopes, um dos mais representativos nomes do samba brasileiro. Deu uma saudade danada do Brasil, de me ver representado no palco através das músicas que falam do meu povo e para o meu povo.
p.s.: O iê-iê-ê é algo esgotado que só sobrevive das memórias de quem tem saudades de um dia ter sido jovem e, de repente, envelheceu!
4 comentários:
e por que não me levou?
saudade de tu, mané...
tá me castigando?
te amo.
Essa critica, meu caro Wagner, não é só sua. A tempos levo comigo - inclusive, quando vou ao Mag Shopping - a inquitação contraditória da atual "matodologia" do projeto Seis e Meia...
... Com tantos outros espaços interessantes para sua realização e, sobretudo, o avanço nas relações extra-governamentais, fica dificil entender como ou porque um projeto dessa dimensão tem - em alguns momento - se tornado um mero espaço acalentante para os saudosistas do iê iê iê de plantão...
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