6 de dezembro de 2008

Amo para me salvar do mundo




Confesso: sou romântico mesmo. E nem faço questão de ser diferente, mas tenho sentido falta do que já fui. Relendo talvez a carta mais bonita que já escrevi até hoje percebi quanta coisa bonita e intensa já vivi. Preciso resgatar esse Wagner que sonha e não se perde nos sonhos, mas se deleita com eles. E bom quando a gente descobre que sentimentos como esse da carta não são efêmeros de dias ou semanas e, ainda por cima, são frutíferos: aprendi a ser um cidadão mais consciente, uma pessoa mais tranquila, mais leve... enfim, descobri portas e janelas dentro de mim até então fechadas pra luz do sol.

E concordando e contrariando Fernando Pessoa e as ridículas cartas, segue a minha mais bela homenagem de amor:


Amo para me salvar do mundo...

Por Wagner Lima


Às vezes fico pensando que tipo de gente estamos formando no mundo. Pessoas que só pensam em sexo, guerras ou em limitar a vida do outro pela simples constatação de ser e pensar diferente da maioria. E nessa onda gigante entra o preconceito e a intolerância. A maior das revoluções não foi a Francesa nem a tomada de Constantinopla. E nem será a destruição total do terrorismo.

A maior das revoluções foi, continua sendo e será o amor. Por isso, o Dia dos Namorados, o Natal, Dia das Mães, Dia da Criança e a Sexta da Paixão, deixando de lado o fator mercadológico, mexe tanto com as pessoas, com as emoções de quem se redescobre vivo e amante.

Enquanto uma infinidade de jovens joga para o alto teorias e mais teorias sobre as diferenças entre ficar, transar e namorar, cada dia que passa descubro ou redescubro uma nova nuance, um novo jeito de ser amante e amado, enamorado, feliz.

É um toque específico em um momento bobo ou um abraço para acalentar um choro que não se escuta, mas se sente. Ainda prefiro olhar o céu e contar estrelas, não para ser politicamente correto, mas para me salvar do mundo. Amo para me salvar do mundo.

Prefiro um riso solto, uma palavra amiga, um beijo molhado ao pescoço, uma gargalhada de madrugada de travessuras de criança, ingênuas como é o amor. A ter que um dia me olhar no espelho e perceber de uma só vez o quanto fui definhando e me tornando mesquinho, descrente e frustrado. Isso nunca. Meu “suicídio” só é por amor, jamais por medo de arriscar.

Mesmo se chover, fizer frio e estivermos com pouca roupa, ainda prefiro esse amor que me revela o perfume dos nossos corpos com a água da chuva. Um aroma que quando não me enlouquece, acalma o meu coração.

Até nos dias que preferimos ir a lugares diferentes, comprarmos coisas diferentes e pensarmos tão diferentes, que nem conseguiríamos viver juntos, se não houvesse tolerância, ainda assim, amaria essa diferença que me acrescenta, em que me aumento exatamente onde não cresço sozinho.

Sozinho no quarto, na sala, no quintal de casa, o mínimo som me lembra você. Na quebra da onda na beira-mar, no verde da cidade, enfim, em tudo que há, amor. O poeta que descobri escrevendo poemas, e levando sonhos para pessoas como eu, me lembra você pela emoção que ambos, você e o poeta, me proporcionam cada um à sua maneira, no entanto, não menos bonitas.

Lembro-me de você a cada milésimo de segundo não para me segurar, me prender como barco ao cais, mas pela necessidade rotineira que tenho de colar meus lábios aos teus e ter a certeza de que nem que eu girasse o mundo em 80 dias, teria de chegar a você, compasso de minha circularidade.

E ter essa certeza é como se eu fizesse todos os dias a lição da tabuada que aprendi na escola com direito a somar, subtrair, multiplicar e dividir, sabendo que com todos os riscos e dores possíveis, a salvação ainda é esse descontrole de sair de mim e viajar por estradas e passos que contidos na determinação da ilusão e fantasia nos une ao pôr-do-sol. Amanhã, se o sol sair, e a lua cheia demorar a sair e o pássaro cantar, talvez eu seja mais e melhor pessoa. Pessoa que nasceu para amar. Motivo demais para ter você...




Um comentário:

Anônimo disse...

Parabens mais uma vez Wagner...Sua palavras transmitem muita coisa meu velho...Mostra a intensidade de coisas que você sente e vive...e essa carta não foi diferente...rsrsrsrsrs...mas fique peixe: esse wagner de agora é rochedo demais rapa...abraços pra tu