8 de abril de 2009

Quer mandar no meu corpo? Então vem ser EU!!!


Rege a legislação em vigor que a função dos parlamentares é representar o povo. Me pergunto muito ultimamente que povo esses homens vestidos com ternos e gravatas a quem chamamos de vereadores, deputados (estaduais e federais) e senadores defendem, de fato. Em âmbito local, as questões da cidade de João Pessoa tem ficado em último plano. O foco da munição dos vereadores é proibir a 'Marcha da Maconha' com pronunciamentos na tribuna, elaboração de nota de repúdio e ação no Ministério Público contra a realização da manifestação.

Os argumentos são bastante contraditórios: 'as famílias se sentem ofendidas', 'nossa cidade não pode permitir a apologia ao crime', 'muitos jovens estão morrendo e famílias sofrendo por conta da maconha'. O que tenho achado interessante é que nenhum dos vereadores se articula de forma mais contundente para acabar com o tráfico no Pavilhão do Chá, que existe à luz do dia; não há ação enérgica de cobrança para o fim da zonas de venda de crack em rua próxima a Casa da Vovozinha e bem perto da Central de Polícia (paralelo a rua Maciel Pinheiro).

O que percebo é um discurso inflamado e arcaico de vereadores que pararam no tempo; que defendem seus currais eleitorais para não perder voto e discursos impregnados de dogmas religiosos que servem de parâmetro para gerir leis que disciplinam a harmonia entre os cidadãos e cidadãs de vários vertentes religiosas e outros desprovidos de fé em algo imaterial.

A violência está grande, dizem alguns, por conta das drogas. Mas vejamos: basta ligar a TV na manhã de uma segunda-feira que grande parte dos crimes divulgados pela imprensa tem em seu componente também o álcool, mas como muitos de nossos parlamentares são chegados a um goró, ninguém toca no assunto.

O mesmo tem se dado com as discussões nada sérias sobre os direitos sexuais e reprodutivos e a descriminalização do aborto; bem como a criminalização da homofobia e a formalização da união civil entre homossexuais. Esses dois temas tem levado deputados federais e estaduais a vociferar em nome de 'Deus' contra as anormalidades de um mundo pecador. Ta! Mas o que eu consumidor, contribuinte com impostos e cidadão emancipado tenho a ver com os dogmas e preceitos religiosos de deputado X ou Y? Estes três temas deveriam ser debatidos seriamente e não reduzidos na seara do 'gosto' e 'não gosto' de parlamentares despreparados que chegaram nos espaços de poder para defender segmentos religiosos e empresariais, mas menos populares.

Enquanto o aborto não é legalizado milhares de mulheres o fazem na clandestinidade e tornando o assunto, caso de saúde pública inaceitável; enquanto a homofobia não é criminalizada, são os cidadãos de bem que matam travestis, gays e lésbicas motivados pela violência contra a diferença que os impacta; enquanto não se discute seriamente a maconha e o álcool, o crime organizado amplia os tentáculos sobre as estruturas sociais e aniquila o poder de ação do Estado e das instituições. Essas questões ficam aquém do interesse em discutir a manutenção das passagens para deputados federais, as verbas de gabinete e o aumentod e salários, seja lá em Brasília, seja na Câmara Municipal de João Pessoa. A vergonha que sinto pelo alheio é a mesma.

No fim das contas, Cazuza tinha razão quando dizia que 'O tempo não pára'. Não para, mas se repete porque na hora do embate quando os argumentos faltam ou falham, muitos parlamentares se mostram dignos dos melhores barracos de pé de muro de periferia: é bicha pra lá, corno pra cá, ladrão pra acolá... num vai e vem frenético de elogios num mundo de pós graduados no famoso e internacional 'jeitinho brasileiro' porque mesmo que nada possa 'a gente dá um jeitinho, bote fé'.



Pois isso...

Quer mandar no meu corpo? Então venha ser EU.


Foto: Wagner Lima. Dedo: Aldenor, vulgo Dodô. ahhauhauhauha

4 comentários:

Aldenor Souza disse...

Pois é... Eu vou pra marcha da maconha. Dia 03 de maio, né? Tô lá.













Que que meu dedo tá fazendo aqui?

Unknown disse...

É amigo... Como bem disse Millôr Fernandes: "O pior não é morrer, é não poder espantar as moscas."

Continue gritando sua indignação e nossa ignorância velada e preguiçosa!

Belle disse...

Concordo em gênero, número e grau!
SAUDADES!

Anônimo disse...

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