11 de novembro de 2009

imagens dilacerantes

Impressiona e é definitivamente cortante as imagens de desigualdades pra mim. Desde quando vim morar no Recife não paro de me surpreender com essa indiferença à vida. Mas isso não é um traço cultural local e sim humano... nas cidades grandes a miséria ganha um certo ar de "invisibilidade" A ideia do post foi provocada por mais uma cena que me chocou.

Ao sair do jornal vim caminhando e ao chegar perto da Avenida Conde da Boa Vista um jovem que seguia pela calçada com roupas folgadas (um número acima do dele, talvez), se abaixou em direção ao meio-fio, pegou um milho enrolado na palha e saiu comendo. A fome devia ser tamanha que nem se deu ao trabalho de tentar "limpar" a areia impregnada.

Imediatamente me vieram duas outras imagens que ficaram fortes na memória: passava das 12h quando ao caminhar me deparei com duas pessoas dormindo em colchões finos encostados em uma parede de um empreendimento. Nem o calor, o sol, o barulho dos carros incomodava. Os olhares de curiosos como eu também já sou ignorados pelos próprios moradores de rua, acostumados com a situação. Em outra, ao caminhar me deparei com um grupo com mais de oito pessoas, todas com sacolas, utensílios, vasilhames de plástico e alguns roupas encostadas ao lado de um muro úmido em uma rua tomada por árvores. O movimento de carros intenso meio que oculta essa cena urbana e degradante. O que mais me chamou atenção foi ver de um lado uma mulher cozinhando em plena calçada pra comer e de outros, uma outra moradora de rua catando piolho na cabeça de uma criança.

Tristes visões que me dilaceram mesmo diante do encanto da Veneza brasileira... Como diria Caio Fernando Abre: No fundo do poço...

Um comentário:

Anônimo disse...

Recife não está só. É apenas grande, enquanto houver humanidade, haverá injustiças, mas me dão conta que a desigualdade no nordeste diminuiu. Segundo Lula, nos últimos meses, as classes c e d compraram mais material de limpeza que as classes b e a. Parece mentira, mas é um indicador. Tb eu, no Sudeste, cheia de falas, sou diariamente retrucada pelos meus que acabaram de chegar da PB, segundo eles: as coisas não sção mais as mesmas por Ai. Só tenho a agradecer a Deus. Somos sensíveis