26 de dezembro de 2008

Um conserto para o Concerto de Natal




O Concerto de Natal com a Orquestra de Câmara de João Pessoa e o Coral Villa-Lobos era talvez a melhor das opções para a noite natalina. Muita gente marcou presença nas areias da praias de Tambau e Cabo Branco para assistir o repertório que unia clássicos eruditos e populares em celebração ao clima natalino, m
as o espetáculo não esteve ao nível das edições anteriores e do significado da data.

Pela importância que conquistou nos últimos anos, o Concerto de Natal peca justamente pela falta de direção. Quando falo em direção me refiro aos vários problemas, de certa forma, que surgem pela falta de um diretor geral do Concerto. Ao maestro cabe a seleção do repertório, ensaios dos músicos e a regência em si. Mas à direção, cabe a parte técnico-funcional e plástica do evento. Pois bem: o som deu dois estrondos durante a apresentação que pareciam tiros. E na platéia houve quem perguntasse se era tiro. (o que o medo da violência não faz). O som, por sinal, era bom para quem estava nas primeiras cadeiras sentado, mas nas imediações da mesa de som não chegava tão bem.


Ainda não entendi como em uma apresentação como esta não pensaram em pôr os integrantes do Coral Villa-Lobos em destaque. Da platéia mal se via algumas cabeças por trás da orquestra. Enfim, havia espaço para distribuição da orquestra e dos integrantes do coral, mas faltou um melhor aproveitamento do palco. Um dos pontos mais positivos dessa edição é que o Concerto de Natal começou com poucos minutos de atraso. Outro ponto não menos importante, apesar de parecer simples, é que não disponibilizaram cadeiras suficientes. Ao menos na área da areia isso faz com que as pessoas fiquem mais impacientes conversando e circulando de um lado para outro. Sentado, o público é levado a ouvir.

A Orquestra de Câmara e o Coral Villa-Lôbos que juntos já fizeram espetáculos interessantes e tocantes como o concerto de aniversário da cidade e o show unindo Sivuca e Glorinha Gadelha no Centro Cultural São Francisco (que merecia ter sido registrado e posteriormente lançado em DVD) desta vez apresentou um repertório irregular e que nada soma à sua trajetória. O ponto nevrálgico da apresentação em si está pautada na escolha do repertório e o aproveitamento dado às músicas. Unir o erudito ao popular por si só não é ganho para um concerto.

Ao interpretar clássicos como 'Uma viagem de trenó' de Mozard e 'Panis angelicus' de César Franck, a Orquestra de Câmara crescia a cada segundo de execução. O mesmo não pode se dizer quando buscou integrar no mesmo repertório 'Bate o sino', clássico executado a exaustão mundo à fora e que não trouse novidade alguma no arranjo; e 'As Pastorinhas', de Braguinha e Noel Rosa, que embora belíssima merecia maior trato em sua evolução. O repertório em si trazia um clima de contemplação que foi quebrado abruptamente com a execução por exemplo de 'Oh happy day', de Hankhs. O solista convidado não conseguiu entrar na música nos primeiros versos, um erro primário, por sinal.


O solista é citado assim sem nome porque os maestros que se revezaram no palco durante o concerto saíam para buscar como é de praxe os solistas convidados mas nem sequer informavam ao público o nome deles. Ao todo foram três vozes anônimas. Por ser um Conserto de Natal nada mais interessante que o maestro de alguma forma interagisse com o público. Nem sequer o boa noite em uma época que as pessoas ficam mais gentis foi possível ouvir.

Voltei pra casa com as poucas lembranças que o Concerto de Natal me deixaram: pés sujos de areia e uma certa sensação de que há ainda muito a consertar.

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